imagens que estão no blog foram retiradas da internet, se você possui os direitos autorais entre em contato que eu tiro do blog ou coloco os créditos (algumas não tinham onde encontrei), obrigada!





"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Qual mudança é positiva ou negativa?

 Tive um fim de semana muito corrido, na verdade todos são. Faço parte de um grupo de dança e essa parte da minha vida que é extremamente importante e gratificante me consome em fins de semana e durante uma semana inteira em algumas épocas do ano.
Em fim, ontem à noite quando cheguei a minha casa e finalmente tive tempo para abrir o computador, estava louca para atualizar o blog. Sabe que antes de montar o blog, as pessoas que tinham me diziam desse vicio de querer atualizar, de querer visitar o blog de todos que seguimos e eu não entendia, agora faz todo sentido do mundo para mim.
O problema foi que eu não sabia o que escrever, a verdade é que a minha vida não BDSM está tão agitada, que é ela que consome minha cabeça, se eu pudesse falar sobre isso sem comprometer minha identidade pessoal e fugir do tema aqui proposto, eu teria problema para escolher apenas um tópico..hehe
Assim fiquei mudando as músicas da minha playlist, e fuçando em uma antiga lista de possíveis temas que fiz quando criei o blog. Encontrei ali um tema que até pensei em escrever (quando comecei a escrever aqui pretendia escrevê-lo), mas já que esse post já começou com um desabafo resolvi, agora, terminar em desabafo. Deixo para escrever o tema que tinha encontrado em outro momento, um em que ele faça mais sentido e seja mais coerente para mim.
Vou falar do quanto eu estou em constante mudança, positiva e negativa (dentro da minha visão das coisas). É interessante notar que antes de começar a viver no meio eu trazia comigo diversos conceitos baunilhas (não que não traga mais) e tentava encontrá-los no “universo” BDSM.
Fazia coisas como confundir Dono com namorado, paixão baunilha (inicio) cheia de ciúmes e desconfianças jogos e manipulações, com a paixão BDSM (inicio) admiração, desejo real de agradar e servir, inicio de confiança. Não são exatamente esses sentimentos, mas ilustra um pouco o que quis pontuar. 
 Essas são mudanças positivas que eu adquiri ao sentir, ao viver, ouvi muito no meu primeiro mês: se quer um namorado continue baunilha e eu não compreendia, precisei viver para que hoje eu possa dizer que a última coisa que eu quero é um namorado (semana que vem vou escrever um post e falar da diferença de namorado e dono, ou relação baunilha e BDSM).
E tem outras mudanças que eu não sei se foram frutos do meu amadurecimento no meio, talvez seja fruto do meu acomodamento. O tópico que eu encontrei para escrever era coleira virtual. Quando eu comecei a freqüentar chats e fetlife e vi a dinâmica de como nos relacionamos, predominantemente de maneira virtual, eu tive diversas criticas a essa forma de estar com.
Para mim era certo naquele tempo que uma relação BDSM deve começar presencial. Usar uma coleira virtual é apenas mais um lugar (assim como a social) que você vai usar depois que você já tem uma relação real e presencial acontecendo. Não falarei agora dos motivos se não acabarei no texto que decidi não escrever hoje.
Mantenho a minha visão sobre isso, mas no momento atual da minha vida, existe uma possibilidade, pequena, mas real, de que em algum tempo eu talvez venha a me contradizer nesse aspecto. E foi por isso que mudei meu texto, me sentiria hipócrita se simplesmente o escreve-se sabendo disso.
A verdade, que cada vez mais venho percebendo e quebrando a cara para aceitar, é que por mais que eu seja racional e tenha minhas crenças e princípios eu não posso sempre afastar meus sentimentos e colocá-los depois de minhas ideologias, em algum momento, a emoção cresce e toma conta e ai, as coisas mais loucas e contraditórias podem acontecer.
 A dúvida que fica é, até onde ceder? Até onde não corro o risco de perder quem eu sou? Minha razão me diz que são mudanças negativas ceder no que defendo, porque minhas emoções me enganam? Mas minhas emoções me dizem que minha razão jamais me deixará ser feliz?
Então qual é a mudança positiva e a negativa? Termino com duvidas, e mais duvidas, e mais duvidas. Desorganizadas, caóticas, como minha mente se encontra nesse momento.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Mestres de ShadowLands!!!


Decidi escrever sobre um livro que marcou a minha vida, um não 4 na verdade, a série Mestres do ShadowLands. Eu acredito que a Cherise quando escreveu esses livros tentou escrever uma espécie de conto de fadas adaptado para o BDSM. Mas são bons livros para quem está começando a aprender diversos conceitos.
Os livros se passam em um clube BDSM. No primeiro livro o carro da Jéssica quebra próximo ao clube e ela precisa buscar refugio ali por causa de uma tempestade. No tempo de espera ela descobre junto com o Mestre Z (dono do clube) que é uma submissa.


No segundo livro, a mocinha aparece com o namorado no clube no dia de iniciantes, ela termina com ele, mas decide continuar as aulas do mesmo jeito com o Mestre Dan.


No terceiro livro a mocinha é uma mulher mais velha que sofreu abuso de um antigo Dono e por isso nunca se entrega de verdade, escolhendo Dons jovens os quais ela possa manipular ela realiza sessões “falsas”, para solucionar o problema, Mestre Z junta ela com o Mestre Simon que é um Mestre bem duro para que ele quebre as defesas dela.


E por fim no quarto livro a mocinha se dizia sub, mas todos diziam para ela que ela era Domme, porque ela não conseguia encontrar um Dom forte o suficiente para dobrar a vontade dela. Então ela vira estagiária no clube, o Mestre Cullen treina os estagiários e se interessa pelo desafio.


O interessante nesses livros é que a maioria dos livros BDSM tem pouco conteúdo e mais cenas de sexo, os livros da Cherise Sinclair em compensação têm bastante conteúdo, e não peca nas cenas de sexo. Os livros trabalham bem a descoberta do que é o estilo de vida que as mocinhas estão tendo. Eles não tocam em assuntos como irmãs de coleira, ou a parte física do sadomasoquismo. Trata-se principalmente de Dominação Psicológica. Acredito que vale a pena conferir. Links para downloads embaixo das fotos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

BDSM: Divisões cartesianas

     
   Resolvi falar sobre a divisão dentro do universo BDSM. Como sabemos o BDSM é uma contraposição a forma tradicional de se relacionar de maneira afetivo-sexual. E como tudo nesse mundo cartesiano é extremamente subdividido, o BDSM também é, até que mal nos enxergamos dentre essas subdivisões.
   Sinceramente, sou masoca, sou podolatra, sou um pouco pet, sou submissa, e oscilo em fases que sou bem libertina e por ai vai... sou aquilo que de prazer.
   Meu ponto aqui é que rompemos com o padrão na busca pelo "desviante", na busca pelo prazer. Mas daí começamos a catalogá-lo, a classificá-lo, a encaixotá-lo e dizer como ele deve ser, perdemos um pouco do porque era tão libertador.



   Não questiono todas as convenções, nem as liturgias, pelo contrário acho as liturgias extremamente significativas dentro de suas simbologias.
O que questiono, são as terminologias, e as divisôes que realizamos para poder nos autodefinir e delimitar aquilo que podemos ou não na esfera de nosso prazer (como o exemplo citado acima da divisão usada para definir os tipos de escravas).


   Não precisamos de "caixinhas" nos delimitando e as vezes até impedindo de tentar o novo por já ter sua caixinha pré defenida, na prática cada casal vai encontrar seu limite e a partir disso compatibilidade. Não é dizendo sou uma escrava tal que vamos encontrar compatibilidade e descobrir sexualidade, é tentando praticas e dizendo não gosto disso, disso e disso se você gosta não somos compatíveis.
   Na experiência concreta nos encontramos, não na abstração idealizada.

sábado, 14 de maio de 2011

Play - O outro dia - Parte VI (Final)


No dia seguinte, mais próximo da hora do almoço, nos dividimos entre ajudar na cozinha e limpar o local onde tínhamos feito a play. Eu fui escalada para lavar louça e ajudar o Jonjon que estava cozinhando seu delicioso macarrão. No tempo que eu estava cortando pimentão (ou melhor dizendo tentando cortar) o Jonjon achava toda hora um motivo para me bater no braço, costas e a Jeh que estava ajudando na cozinha e em outros lugares também, cada hora que passava observava um novo hematoma, até que ela me disse: você deve estar fazendo muita coisa errada, toda hora que passo aqui tem uma nova marca... ri muito nessa hora.
Quando deu uma acalmada na cozinha fui para o quintal conversar com o Px e o Mestre Logos, naquela tarde conversamos sobre muita coisa, de niilistas a marxistas, foi um orgasmo intelectual. Até que o Jonjon me tirou da roda para lavar louça quando estávamos debatendo Marx!!! Foi um grande teste de paciência para mim, obedecer quieta, mas não consegui esconder minha expressão facial muito bem o que me rendeu testar uma colher de pau que o Jonjon encontrou na cozinha e que segundo ele parecia ser melhor do que a que tinham usado em mim  na noite anterior. De alguma forma aquilo melhorou meu humor e me diverti enquanto lavava a louça correndo para voltar para a conversa.
Depois do jantar tive uma nova experiência de volta: realizar strap-on no Vini. Foi bem interessante, eu normalmente não sei como tomar a iniciativa, principalmente porque como sub não é o que eu busco, mas ali eu sabia o que eu queria fazer, e gostei de exercer aquela forma de poder que o sub me concede, ao me chamar de Senhora e realizar minhas vontades. Também adorei vestir o strap-on, ter um pênis, mesmo que falso (por mais bizarro que seja) me fez me sentir poderosa. A combinação de dar tapas com a penetração foi maravilhosa, e sexualmente gratificante.

Por fim nos sentamos na sala para ver as fotos (nenhuma deletada), e depois arrumamos nossas coisas e nos despedimos. O que tenho a dizer da experiência como um todo, foi que aprendi muito sobre meus desejos e sobre submissão. Também adorei todos que conheci ali, não vejo à hora de vê-los novamente. Ao G3 e Px, obrigada por terem nos proporcionado essa experiência.

Play - Do outro lado - Parte V


Bem, agora é o relato da minha experiência do outro lado do chicote. Em um dado momento quando eu voltei de fumar, a Jeh estava se divertindo com o chicote na costa do Mestre Logos. Na hora me animei, estava à muito tempo esperando por uma oportunidade para saber como sentiria bater em alguém.
Na sequência, o PX pegou uma corda e depois de três golpes foi afastado da brincadeira, foi o único a conseguir tirar uma reação grande do super masoca, com quem estávamos nos divertindo.
E então eu e a Jeh começamos a se revezar nas costas do Sw. A Mistress Amanda deu as instruções de como usar o chicote, era realmente complicado, e ainda desejo aprender a usar a ponta. O que percebi quando comecei a bater é que traz uma sensação libertadora, eu não tinha técnica, mas me esforcei para que desse certo, e cada vez que eu tirava alguma reação do Mestre Logos me sentia mais realizada. É incrível ver a dor-prazer no rosto de alguém e saber que você causou isso.



Bem depois disso desci varias vezes para fumar e em uma das vezes que voltei, a Jeh estava trabalhando com velas nas costas do Vini, e me chamou para me juntar a ela. Nos divertimos muito, combinávamos lugar e derramávamos ao mesmo tempo, uma hora o Vini até começou a xingar em francês, quando a Jeh escorreu a cera na junta da parte de trás do joelho e a resposta do Dono dela foi, mais vela.. kk


Em um dado momento o PX que percebeu que como tinha tirado as fotos não aparecia ainda em nenhuma, se juntou a gente para tirarmos fotos e continuar a colorir o Vini. Até o Mestre Logos encontrou uma vela e se juntou na construção da obra de arte que virou as costas do Vini.
Ali já estávamos no fim da play, eu desci para fumar e ficamos conversando até quase de manhã no quintal atrás da cozinha.
 Continuo em um próximo post!

Play - Cerimônia - Parte IV



A segunda parte da play foi a cerimônia de entrega de coleira da jeh e do hund. Essa parte foi muito tocante, pois ambos foram exemplos para nós (subs, sem Don@) durante todo o fim de semana. Aprendi muito observando o comportamento e conversando com os dois.
Até aquele momento eu não sabia que existia essa cerimônia, acho que nem o que de fato representa a coleira era claro para mim. O que gerou em mim vários questionamentos que posteriormente perguntei ao meu Mentor.
Assistindo aquele momento, (@s subs de joelho cada um ao lado de seu Don@ e as palavras do Jonjon), me emocionei. Foi lindo e profundo, é legal ver como é possível ter romance sem perder a relação DS. Eu chorei, tentado disfarçar kkk
Depois, já encoleirados, a Jeh e o Hund foram amarrados de pé com os braços suspensos e ambos demonstraram sua entrega testando seus novos brinquedos (chicotes).

Esse foi meu momento voyeur, achei extremamente belo. Os sons, as caras, as marcas que iam surgindo, a dança de corpos, sem sombra de dúvidas uma composição de fatores que transformaram aquele spankig em arte (nota a destreza dos dois Dominadores (a)).
Depois desse momento as coisas começaram a ficar mais tranqüila, eu consegui sair para fumar algumas vezes, e cada vez que eu voltava para o local da play percebia o clima mais descontraído.
Foi muito legal de assistir a Mistress Amanda que sobrecarrega com vários subs para controlar, realizou um spanking coletivo nos meninos e depois continuo a bater estando sentada tomando refri. Muita habilidade para realizar essa façanha.
Continua em um próximo post.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Dor e Prazer!!!


Hoje decidi escrever um pouco sobre algo que é um taboo para o mundo baunilha e algo complexo dentro do meio BDSM: a dor e a sua relação com o prazer.
Para começar decidi pesquisar no Wikipédia significado para ambas as palavras chaves apresentadas acima. No que concerne ao prazer, esse é descrito como sensação de bem estar. É quando fazemos algo que nosso organismo interpreta como positivo para nossa saúde.
Sobre a dor essa é descrita como “uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e/ou emocional”.
E aqui entra o que confunde, como algo pode ser desagradavel e proporcionar bem-estar, como a mesma sensação que se origina de um alarme de perigo real ou potencial para o corpo pode ser traduzido como algo benéfico para a saúde (vide conceito de prazer).
De fato quando se observa apenas a partir dessa perspectiva pré-determinada a relação de dor e prazer parece desfuncional e desviante.



Escrevi dessa maneira porque na minha visão o problema central que nos leva a conclusão acima é o conceito de dor que expus.
Mas mais do que a questão de que o conceito de dor deve ser mais abrangente, o ponto que gostaria de lembrar é que para uma pessoa baunilha dor é exatamente o que descrevi acima, e não só porque esse é o conceito, mas porque a experiencia real mostra exatamente aquilo. Nesse sentido é compreensivel que uma pessoa baunilha se assuste e não entenda como é possivel o prazer real  dentro do sadomasoquismo.
E mais do que isso, eu ja vi pessoas apenas DS no meio, que não gostam de exposição de resultados de sessão também SM, que não entendem a beleza em assistir por exemplo uma boa sessão de spanking. Na minha leitura essas pessoas DS racionalmente entendem a dor como prazer , defendem e aceitam as práticas SM, mas mesmo para elas, uma vez que sua experiencia concreta lhe mostra a dor como o conceito acima descrito, mesmo para elas, a dor como prazer não faz sentido em um nivel emocional.



Voltando para o conceito de dor. De fato ela é desencadeada, quando fisicamente, por uma lesão ou uma potencial lesão, mas ela também pode derivar de razõs psicologicas, emocionais, tornando-a mais complexa do que essa definição antes exposta.
O que questiono é a conclusão de que já que ela serve para alertar sobre um “perigo”, ela é desagradavel ou excrusciante. De fato ela pode ser isso até para um masoquista, mas quando estamos em um contexto sexual (a origem é a mesma, as marcas pós sessão o prova) é diferente, ao invés de desagrado o que se sente é bem-estar.
É quando se encontra aquele limite onde a dor vai sumindo e o prazer aumentando, até que a cada lesão aquilo que deveria representar dor, representa apenas prazer. Para um masoquista aquele momento é maravilhoso, uma das maiores satisfação sexual que podemos alcançar.


 
Bem, encontrei um artigo na internet, no endereço:  http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?cod_noticia=396 onde cientistas tentavam achar solução para dor crônica. Uma vez que a resposta a dor também é emocional eles tentavam analisar essa parte da dor que é onde reside o maior problema para tratamento de dores crônicas. Eles descobriram que a mesma parte do cérebro que lida com respostas de recompensa, também lida com respostas de aversão, mostrando que a parte do cérebro que responde a dor está conectado a parte que responde ao prazer:  "Claramente, se o sadismo e o masoquismo representam algo no continuum recompensa-aversão, uma hipótese sugere que, talvez, os circuitos foram modificados para que um estímulo que normalmente causaria aversão seja percebido como uma recompensa".



Concluo esse texto dizendo que, porque sentimos prazer com a dor é algo que não temos uma resposta (possíveis respostas talvez), assim como considero natural que aqueles que não são masoquistas não consigam em um nível mais empírico conceber a dor como prazer. Mas que o que expus acima não justifica o preconceito ou a aversão declarada ao sadomasoquismo.
Entendo que tudo aquilo que está dentro do SSC e que gere prazer, deve ser experimentado sem julgamentos ou preconceitos, na busca pelo prazer a moralidade não deve ter voz. Mas principalmente a tolerância é no mundo plural e globalizado atual o principal para uma sociedade funcionar, e aceitar que o outro tem prazer com o que você não tem e que não é errado que ele tenha, é o passo para a tolerância sexual. Que nós dentro do meio BDSM tanto almejamos.
Assim não é desfuncional, não é desviante fazer uso da dor para alcançar satisfação. É desfuncional, é desviante a prática não consensual ou a prática que traga danos reais a saúde. Conhecimento é liberdade, conhecimento sobre sua própria sexualidade é emancipação sexual.