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"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." Fernando Pessoa

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Play - Interrogatório - Parte III



Lá em cima, eu não me lembro da seqüência dos fatos, mas lembro de ouvir sons vindos d@s outr@s subs ali, (os quais eu não tinha idéia de onde ou como estavam) às vezes alguns deles apanhavam, outr@s pediam para tirar sapatos, ou coisas assim. Eu ouvia os risos e conversas d@s três Dominadores (a) e ficava curiosa com o que estaria acontecendo a minha volta e ao mesmo tempo feliz que eles (a) estivessem se divertindo.

Do que fizeram comigo me marcou algumas coisas que desejo compartilhar.
O tema do interrogatório era focado no fato de eu ser feminista, os Doms me provocaram com isso e no inicio, num momento de um pouco de irritação, esqueci de acrescentar Senhor depois de um sim (ou não, não lembro bem o contexto do momento) o que me rendeu um castigo. Eu iria apanhar e contar cada chicotada acrescentando no final a palavra Koothrappali (eu pretendo fazer física e sou viciada em The Big Bang Theory algo que quem me dominava tinha conhecimento), o que me marcou foi o fato de que eu ri, não me controlei quando lembrei do personagem da série, e me senti culpada por não ter tido auto controle, a brincadeira não era para me divertir e sim a eles, depois disso fiquei mais atenta para não repeti-lo. 
          
Bem além de tudo isso, os dois que me dominavam estavam realmente a fim de explorar meus medos.
Tenho medo de asfixia, trauma de choque e claustrofobia. O primeiro, eu recebi com muita relutância e percebi que só aumentou meu prazer.


Quanto ao segundo, foi colocada em minha cabeça uma máscara, como não podia ver achei que fosse um saco, me senti presa e todos os sintomas de ataque de pânico começaram a se desenvolver. Eu chorava compulsivamente, mas como continuei a apanhar era um misto de pânico e prazer (naquele momento a dor não era mais dor) muito estranho.
E com relação ao terceiro, lembro quando um dos Dominadores se aproximou de mim com a raquete (aquelas de matar mosquito que dá choque), ele a colocou na minha frente e me mandou encostar o dedo. Minha mão tremia e parece que agia por vontade própria quando tentava recuar. Então do nada veio na minha mente que ele queria aquilo então eu tinha que fazer, fiz chorando e me senti uma criança quando não doeu de verdade, não me fez nada ruim de fato.

Outra coisa que me marcou foi a colher de pau. Num determinado momento um dos Dominadores me perguntou se eu queria garfo ou colher, lenta como sou não entendi o porquê da pergunta e a única coisa que veio na minha mente foi que garfo tem ponta, então no automático escolhi colher. Ouvi algum deles dizer que fui esperta na escolha e me acalmei, de fato nem senti a primeira batida, até que o Dominador disse que eu não tinha sido tão esperta assim e surgiu a colher de pau.
Aquilo doía, e era gostoso, teve uma hora que o Dom bateu tantas vezes no mesmo lugar, porque o som não tinha saído legal, que senti muita dor, mas ficava mais molhada a cada momento. Acho que ali descobri um prazer libertador, me sentia relaxada, em êxtase a cada tapa ou batida, foi uma das melhores sensações que já tive.


Bem, esta parte (tudo na verdade, mas essa em especial) foi uma experiência única que nunca esquecerei, foi um momento de redescoberta e reconstrução de “verdades” internas que me fez crescer. Por isso, agradeço imensamente aos Dominadores que me proporcionaram tanto, desenvolvi um respeito, carinho e confiança gigantesco pelos Senhores.

        Continua em um próximo post!

Play - Preparação - Parte II




(Antes de começar o relato em si, gostaria de dizer que é também um desabafo, tentei expressar o que eu sentia ao longo da noite e por isso está confuso em alguns momentos, assim como eu estava confusa com meus sentimentos. Escrevi meio em "brain storm" então peço desculpas pelos erros gramaticais).

Do momento em que desci do carro até a hora em que sentamos na sala para que @s Dominadores (a) explicassem as regras, fui conhecendo as pessoas e formando novas amizades. Conversamos sobre os mais diversos temas, e com cada minuto me encantava mais com aquelas pessoas inteligentes, legais e interessantes. Acho que para mim, a intimidade e a confiança, que necessitei mais tarde, foram se construindo ao longo daquele dia.

À noite, sentamos tod@s @s subs em um colchão no chão da sala enquanto @s dominadores (as) falavam, meio que foi ali que caiu minha ficha do que estava por vir. Ao ouvir que a partir daquele momento eu não poderia fazer mais nada (inclusive falar ou ir ao banheiro) sem permissão, o pânico começou a surgir e comecei a me questionar se de fato conseguiria passar por aquilo.
        Naquele momento eu já conhecia melhor e confiava em um d@s três Dominadores (as), mas @s outr@s dois ainda me assustavam e sinceramente tive um pouco de vontade de sair correndo. Passaram nossa palavra de segurança, e eu por mais que não parasse de pensar nelas, não conseguia gravar (provavelmente porque minha mente já estava paralisada pelo medo), fui ficando ainda mais apreensiva.
Foi quando percebi que estava com fome (por ansiedade não tinha sentido vontade de comer ao longo do dia), fiz um lanche de pé extremamente rápido na cozinha (não conseguia nem sequer sentir o gosto daquilo que ingeria) e fui para o quarto me arrumar. Fiz tudo no automático, lembro que conversei com as meninas, mas no dia seguinte nem sequer me lembrava o que tinha contado (medo me faz falar sem parar).

Depois de pront@s, ficamos @s subs não cozinha de pé a espera da próxima ordem. Estávamos em círculo, todos quietos. Na minha mente passava sobre o que nos esperava lá em cima (@s Dominadores (as) tinham passado o dia arrumando para a play, e nós não tínhamos idéia de como estava). Um dos submissos iria chegar atrasado então ficamos ali esperando por ele. Quando chegou lhe foi permitido um banho de cinco minutos, que nós, @s outr@s subs computamos.
@s Dominadores (a) então nos fizeram arrumar as pontas da corda que foi usada para amarrar nossas mãos. Bem, nunca tive habilidades manuais, e não conseguir cumprir aquilo foi me deixando mais nervosa, não gosto de falhar. Depois fomos vendados e a partir dali não sei quanto tempo esperamos. Eu cheguei à conclusão que precisava me acalmar então comecei a passar mentalmente passos de dança para me distrair, o que funcionou (mas me pareceu muito errado depois).
O inicio da play seria um interrogatório pelos dois Dominadores comigo, fui levada então para um quarto escuro onde fiquei sentada a espera do que viria. Nesse tempo acredito que subiram @s outr@s subs. De vez em quando um dos Dominadores vinha ao quarto para me botar medo, uma tortura psicológica. Eu tenho problema com espaços fechados e mais uma vez para superar meu medo tentei distrair minha mente cantando quando ficava sozinha. Naquele momento ainda não tinha experiência com a dor, e sabia que iria apanhar, por medo preferia abstrair.
Na ultima vez que os Dominadores entraram, eles aproximaram fogo de mim. Como não podia ver, só ouvia o barulho e sentia o calor, a principio, eu senti muito medo, mas ao mesmo tempo estava muito animada. Foi quando comecei a apanhar, doeu muito, acho que porque estava começando.


Tentei lembrar a palavra de segurança, mas essa há algum tempo já tinha saído da minha mente. Nesse momento meus truques para me acalmar já não funcionavam. Mas ao mesmo tempo que estava desesperada e querendo fugir, comecei a sentir o oposto. Comecei a perceber que confiava (na verdade a cada momento um pouco mais) nos dois Senhores, e assim meu medo foi se transformando em apenas excitação.
E o que mais me impressionou, foi que algo novo surgiu em mim, por mais excitada que estivesse e por mais que tivesse ido ali para explorar meus limites, essas coisas eram as últimas que passavam pela minha mente. Tudo o que eu queria era agradar quem me dominava, queria que tivessem prazer, que a cena que montaram funcionasse como eles queriam, e meus medos perto desse desejo eram pequenos. Acho que ali percebi que para fazer aquele momento bom para eles eu agüentaria o que viesse.

Continua em um próximo post!